JOGRAL DE ABRIL

Em um reino distante
O ano, não tenho certeza
Muito linda e elegante
Vivia lá uma princesa
.

Então veio um homem
Vindo de uma jornada
E ela o viu de longe
Do castelo observava.

Era um guerreiro andante
Esse homem com espada
Firme era seu semblante
Parecia não temer nada.

Assim que o conheceu
Ficou muito contente
Pois logo percebeu
Que ele era diferente.

Quando ele a viu tão bela
Foi grande sua emoção
E quando falou com ela
Entregou-se de paixão.

A ternura em seu olhar
Criou na moça um dilema
"Como ele pode guerrear?
Do inimigo não tem pena?"

O tempo foi passando
E o amor deles floriu
Ficaram se amando
Naquele mês de abril.

Ficou logo a sonhar
Esse jovem cavaleiro
Com sua dama se casar
E amá-la o ano inteiro.

Sua bravura muita séria
Renderia a aprovação
Pois lutou em uma guerra
Para cumprir sua missão.

Enfrentou o desespero
Pois ao soberano estimava
Perdera até o escudeiro
Mas que prêmio o esperava...

Aquele por quem lutou
Na hora mais necessária
A mão da filha lhe negou
Causando ignóbil batalha.

O monarca cheio de ira
Resolveu lhe avisar
Que deixasse sua filha

E não ousasse contestar.

De uma forma sem respeito
O suserano perguntou:
"Me dizes qual é teu preço?"
Ao ouvir isso, se afastou.

Passou assim a compreender
Que não era mais bem-vindo
Quando não pôde aquiescer
Seu sonho idílico era findo.

Perguntou então a Deus
Qual seria o seu pecado

Se riquezas recebeu
Tornando-se abastado.

Por ter um amor muito forte
A donzela gritou e disse:

"Longe dele prefiro a morte!
Não farei essa sandice!"

Não ter ele nobre estirpe
Fez o rei dizer à filha:
“Menina, deixe de tolice!”
E a levou para uma ilha.

"Mesmo sem ter ouro"
Um sábio uma vez dissera
"Quem tem maior tesouro
É aquele que ama e espera".

Tal conselho tentou seguir
Para não terem o que falar
Mas como podia fugir
Do que não temia enfrentar?

Foi por isso que decidiu
Que era hora de lutar
Pois chegava outro abril
E a saudade a lhe apertar.

Um ano era demais!
Por que toda essa espera?
Pensava o tal rapaz:
“Matarei essa quimera!”

Reuniu seus seguidores
E dirigiu-se à possessão
Que escondia seus amores
Mas só de um tinha noção...

Época estranha foi aquela
Punindo quem não merece
Ceifando vidas da terra
E espalhando toda peste.

Ao chegar àquela ilha
Bravamente combateu
Mesmo em sua guarida
O inimigo se rendeu.

Mal chegou sua armada
Veio então cruel notícia
Doente sua mulher estava
E a situação dela era crítica.

Falou ao céu com desrespeito:
“Deus, pare de atormentar!”
Quando chegou ao triste leito
Ao vê-la pôs-se a chorar.

Desesperado, saiu a cavalgar
Procurando médico ou padre
Querendo o seu bem salvar
Mas que pena, era muito tarde!

Num aviso ele descobre
Que seu amor não resistiu
De maneira pouco nobre
Morreu e dali partiu.

Ao ver a quem amou
Morta por sobre a mesa
Sabiamente se perguntou:
“De que serve a realeza?

Um príncipe é quem amou
Majestade é só um fulano
Que sem pena me logrou
E agora, qual é seu plano?

Jogou-me em vil tristeza
E não sei o que farei
Não existe mais destreza
Que recupere o que sonhei.

Se cá não tivesse estado
Junto a mim ainda estaria
Não haveria tal resultado
E ela, por fim, não sofreria.

Eu digo com toda certeza
Não sou mais como d'antes
Eu repudio essa nobreza
Agora e daqui por diante.

Hoje a chama dela sumiu
Poderei eu novamente vê-la?
Pergunta meu coração brasil
Do fogo da vontade de tê-la.

Se um dia eu a encontrar
Seja no céu ou no inferno
Um poema vou recitar
E jurar meu amor eterno!”

Viveu sem esperança
E triste em cada dia
Não soube da criança
Que seria sua alegria.

E assim termina o conto
Ao contrário dos de fada
Não há nenhum encanto
E o herói fica sem nada
.

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