A VERDADEIRA CRENÇA APOSTÓLICA SOBRE A MORTE
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Os apóstolos Pedro e Paulo aguardavam estar com Cristo IMEDIATAMENTE após a morte, antes mesmo da futura da ressurreição geral dos mortos:

“É justo despertar-vos com as minhas admoestações, enquanto estou nesta tenda terrena [ou seja, o corpo], sabendo que em breve hei de despojar-me dela. . . Assim farei tudo para que, depois da minha partida, vos lembreis sempre delas”. – 2 Pedro 1:13-15, BJ.

“Mas, temos boa coragem e bem nos agradamos antes de ficar ausentes do corpo e de fazer o nosso lar com o Senhor”. – 2 Coríntios 5:8, 9, TNM.

“Sinto-me num dilema: meu desejo é partir e ir estar com Cristo, pois isso me é muito melhor, mas o permanecer na carne é mais necessário por vossa causa”. – Filipenses 1:21-23, BJ.

Se o ir para o céu fosse apenas na futura ressurreição, na qual os seguidores de Cristo são todos beneficiados ao mesmo tempo, o apóstolo Paulo não teria demonstrado a preocupação de que ao estar com Cristo resultaria em uma separação dos irmãos na fé, deixando-os sozinhos e sem o pastoreio do apóstolo. Ou seja, a preocupação dele é que ele estaria com Jesus, mas os demais ficariam na Terra, passando pelas provações típicas dos cristãos daquela época.

Situação semelhante é o que se vê na ilustração do rico e Lázaro, que conta a história da sobrevivência após a morte de dois personagens e mostra que seus parentes continuavam vivos na cidade onde viviam. – Lucas 16:19-31.

Se o corpo de um cristão fiel que morria ficava em uma sepultura e mesmo assim após a morte o cristão se encontraria imediatamente com Cristo no céu, é óbvio que esse encontro não se daria no corpo físico. Seria mediante a parte espiritual do homem chamada de “alma”. Ela é um corpo invisível e imaterial que não pode ser destruído, exceto por Deus.

“Não fiqueis temerosos dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma”. – Mateus 10:28.

“E eu vi tronos, e havia os que se assentavam neles, e foi-lhes dado poder para julgar. Sim, vi as almas dos executados com o machado, pelo testemunho que deram de Jesus e por terem falado a respeito de Deus”. – Apocalipse 20:4.

Depois que os apóstolos Pedro e Paulo morreram, um cristão que os conheceu pessoalmente, e que é mencionado no Novo Testamento (Filipenses 4:3), disse o seguinte sobre eles:

“Mas para não nos determos em exemplos antigos, vamos aos mais recentes heróis espirituais. Tomemos os exemplos nobres fornecidos em nossa própria geração... Pedro, por causa de inveja injusta, não suportou nem um nem dois, mas muitos labores, e quando, por fim, sofreu o martírio, partiu para o lugar de glória que lhe era devido. Por causa da inveja, Paulo também obteve a recompensa da perseverança... Depois de pregar tanto no Oriente como no Ocidente... foi removido do mundo, e entrou no lugar santo, tendo provado ser um exemplo impressionante de paciência”. – Carta aos Coríntios, de Clemente, cap. 5, c. 90 d.C.

Como se nota, o que Pedro e Paulo aguardavam enquanto estavam na Terra se cumpriu após suas mortes, e Clemente reforça tal convicção. Vários outros cristãos pouco depois da era apostólica escreveram sobre essa mesma esperança, esclarecendo adicionalmente que a ressurreição futura consistirá em cada alma receber um corpo físico e ser vista novamente no nosso mundo. Abaixo um exemplo:

Atenágoras de Atenas (c. 170 d.C.)

“Estamos convencidos de que quando formos removidos da vida atual viveremos outra vida melhor do que a presente, e celestial, não terrena. . . Deus não nos fez como ovelhas ou animais de carga, uma mera força de trabalho, e para que sejamos perecíveis e aniquilados”. – Um apelo em favor dos cristãos, capítulos 16 e 25.

“Não é porque sabemos que a separação da alma dos membros do corpo e a dissolução das suas partes não interrompem a continuidade da vida que devemos desanimar da ressurreição . . . E, como isso se segue necessariamente, deve haver uma ressurreição dos corpos mortos, mesmo que inteiramente dissolvidos, e os mesmos homens devem ser formados de novo, uma vez que a lei da natureza ordena o fim não de modo absoluto, nem como o fim de algum homem qualquer, mas dos mesmos homens que passaram pela vida anterior. Mas é impossível que os mesmos homens sejam reconstituídos a menos que os mesmos corpos sejam restaurados às mesmas almas”. – Sobre a ressurreição dos mortos, cap. 31.

Uma enciclopédia bíblica resume o assunto desta maneira:

“A alma sobrevive ao corpo… A morte para os remidos, embora seja resultado do pecado, não destrói a relação da alma com Deus e com Cristo. . . A alma está, de fato, em um estado incompleto até a ressurreição. ‘Espera. . . a redenção do nosso corpo’ (Rom. 8:23). Mesmo assim é feliz em seu estado, ainda que incompleto. . . Ela mora em uma câmara da casa do Pai (Jo 14:2ss; 17:24). Mesmo no estado despido (‘ausente do corpo’), ela deve estar ‘no lar com o Senhor’ (2 Cor. 6:8). É para ela um objeto de desejo estar ‘com Cristo’ naquele estado após a morte (Fil. 1:21)… [Já os ímpios são] excluídos da bem-aventurança dos justos, . . . [o estado deles] é descrito por Jesus e Seus apóstolos como uma das mais duras tribulações e angústias. . . Isto não é ‘imortalidade’ ou ‘vida’, embora a existência continuada da alma esteja implícita”. – International Standard Bible Encyclopedia, vol. 3, p. 1461.

Portanto, quando o Novo Testamento se refere aos que morreram como estando “dormindo”, isto é apenas um eufemismo em relação à morte do corpo físico. A alma permanece viva e consciente depois da morte, como se depreende de todos os textos bíblicos supramencionados.

E quanto ao pessimismo em relação à morte que se vê no livro de Eclesiastes, bem diferente daquilo que Pedro e Paulo disseram, é apenas um estilo de literatura que não pode ser tomado ao pé da letra em determinados trechos. Até porque o escritor desse livro acreditava que o Seol* para onde as almas dos mortos vão era um lugar invisível nas profundezas da Terra, o qual Jesus chamou de “coração da terra”. Conforme sabemos, o corpo de Jesus ficou em uma sepultura provavelmente acima do nível do solo e jamais esteve em tal lugar profundo. Mas sua alma esteve. – Isaías 7:10, 11; Salmos 16:10; 88:10, 11; Mateus 12:40; Efésios 4:8, 9; Atos 2:27; 1 Pedro 3:18-20; 1 Pedro 4:5, 6.

* No Antigo Testamento as almas dos mortos no Seol são chamadas de “sombras”. E o Novo Testamento chama o Seol de “Hades”, palavra emprestada da antiga cultura grega que se referia à morada das almas dos mortos, que os gregos também achavam estar no mais profundo subterrâneo. Algumas traduções da Bíblia costumam traduzir “Seol” ou “Hades” por sepultura, porém esta é uma tradução imprecisa, pois nas sepulturas ficam apenas os corpos mortos, ao passo que o Hades recebe as almas dos que morreram.

Para maiores informações, consulte os seguintes textos:

O que ensinaram os escritores cristãos do segundo século?

A filosofia grega influenciou mesmo o conceito do Cristianismo sobre imortalidade?

As armadilhas da “imortalidade da alma” e da literatura dos problemas

 

Fortaleza, 01 de março de 2020.

Autor: Adelmo Medeiros

 

 

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